sábado, 10 de novembro de 2012

A REVOLUÇÃO FRANCESA









 
A REVOLUÇÃO FRANCESA

 
VOLTAIRE, ROUSSEAU, MONTESQUIEU – SINTESE DO IDEÁRIO DA REVOLUÇÃO: LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE

 

 O absolutismo, que caracterizava a maior parte das monarquias europeias no século XVIII, aumentou o fosso que separava o povo da nobreza. O rei de França Luís XIV apelidava-se rei-sol e vivia faustosamente, bajulado por uma infinidade de nobres decaídos, que não souberam aproveitar as vantagens da descoberta e conquista de novas terras. Além disso, tinha privilégios que os isentavam de impostos. O povo tinha de pagar pontualmente as suas contribuições, houvesse ou não escassez de colheitas. O resultado era a fome e a miséria, em fermentação para a revolta. A burguesia ia-se aproveitando do desinteresse dos nobres pelo comércio, pela indústria nascente e até pela agricultura nos feudos herdados, e, por isso, dominava a economia e a finança, embora não tivesse poder político.

Houve três pensadores franceses que se notabilizaram na luta contra esta situação e deram um contributo ideológico, importantíssimo para minar as estruturas anacrónicas do absolutismo. Voltaire (1694-1778), desmontou o orgulho racionalista, e a hipocrisia absolutista em obras de grande valor literário. Dotado de grande clareza e ironia mordaz, analisa a alma humana que considera mais dependente dos sentimentos e dos condicionalismos sociais que da sã razão. O seu pequeno livro, Cândido, defende de modo aliciante a tese de que a vida humana depende das fatalidades, da sorte e das incoerências do destino - tantas vezes cego e indiferente aos que se comportam de acordo com as prescrições da moral.

Rousseau (1812-1867) dessacraliza a origem divina do poder e defende que a bondade natural do homem foi corrompida pela sociedade. O «bom selvagem», (personalizado no Emílio) é livre como o vento e ao decidir viver em sociedade celebra um contrato com esta, abdicando de parte da sua liberdade por troca dalguma segurança pessoal e dos seus bens.

Montesquieu (1689-1755) celebrizou-se pela sua obra Espirito das Leis, onde defende a divisão dos três poderes, por organismos autónomos e independentes: legislativo - que deve resultar da ampla discussão das leis em Assembleia; executivo - que deve incrementar a governação na fidelidade ao que está legislado; judicial - a que cabe dirimir os conflitos, no respeito pela lei.

A síntese do ideário da Revolução - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - baseia-se nestes três pensadores.

 O dia 14 de julho de 1789, marca o início da Revolução Francesa com tomada da Bastilha (prisão célebre de Paris) pelo povo, farto de ser escravizado. A Assembleia constituída por representantes do povo e da burguesia, toma posições radicais acerca da situação vigente. Retira os privilégios aos nobres e ao clero. O rei Luís XVI é deposto e mais tarde decapitado, juntamente com a rainha Antonieta.

A revolta estendeu-se, como um incêndio incontrolável, a toda de França, que atravessou um período muito conturbado, conhecendo até alguns anos de regime do Terror.

De início, o povo teve um papel preponderante na revolução. Depois, como sempre, seria apenas o testa de ferro da burguesia que, assim, conseguiu adicionar o poder político ao poder económico.

A Revolução Francesa marca o fim do Ancien Régime, que ainda tinha as marcas vincados da Idade Média nas divisão da sociedade em hierarquias estratificadas e com o poder do rei a provir diretamente de Deus. Um dos melhores frutos da Revolução foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

O espírito revolucionário espalhou-se por todas as nações da Europa, onde o absolutismo dominava. Portugal apenas conheceu a sua revolução liberal, limitadora do poder real, em 1820, apesar do rei, D. João VI, estar no exílio dourado no Brasil desde 1807, fugindo das Invasões napoleónicas.

 


 

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