sábado, 10 de novembro de 2012

CULTURA GREGA – PLATÃO -


 



 

CULTURA GREGA – PLATÃO -

 

 Platão nasceu em 428 a.c., em Atenas, numa família nobre. Estudou nas escolas dos sofistas, preparando uma carreira política, que mal chegou a exercer. Escreveu muitas obras, quase todas em forma de Diálogo} onde Sócrates aparece, como a personagem central a expor as teorias do próprio Platão. Fundou uma escola, a Academia, que atingiu grande celebridade na antiguidade.

 Foi muito influenciado por Sócrates (no método e na mora!), pela dialética sofista e pelos pitagóricos (discípulos de Pitágoras) que defendiam a reencarnação das almas.

 
Dualismo gnoseológico: Platão analisa os dois tipos de conhecimento que temos, já defenidos anteriormente, por Parménides: conhecimento sensível, que nOs é dado através dos sentidos, e conhecimento inteligível, que nos permite construir conceitos sintéticos e abstratos que definem as coisas e que se exprimem por palavras.

 Deste dua­lismo do conhecimento, Platão concluiu o dualismo antropológico. Se temos dois tipos de conhecimento - o sensível dependente do corpo, e o inteligível dependente da alma, - e se eles são tão diferentes, então o seu suporte, o corpo e alma, também devem ser dife­rentes. O homem é assim, uma alma encarcerada num corpo. Mas se o conhecimento inteligível é muito mais perfeito que o sensível, também a alma, que o produz, deve sê-lo.

 Platão socorreu-se das influências dos pitagóricos para dizer, de modo pouco filosó­fico, que a alma vivia no mundo inteligível antes de se unir ao corpo que provém do mundo sensível - dualismo cosmológico. As coisas do mundo sensível são apenas sombras do mundo Inteligível. Neste é que estão as essências das coisas, as Ideias, organizadas em forma de pirâmide, de acordo com o grau de perfeição. No vértice da pirâmide está a Ideia de Bem. Na base estão as almas. As Ideias projetam-se sobre as coisas do mundo sensível e, por isso, quando as vemos, a nossa alma pode recordar-se do que contemplou no mundo das Ideias. É a teoria da reminiscência qúe Platão sintetiza assim: «Aquilo a que chamamos aprender não é mais que recordar»} já implícita no método socrático.

 Apesar das críticas pertinentes a muitas teorias de Platão, ele exerceu um a influência constante na cultura, até aos nossos dias.

 Aristóteles nasceu numa ilha grega, no ano em 384 a.c. Foi estudar parél Atenas, onde frequentou a Academia de Platão, durante cerca de vinte anos, primeiro como aluno er depois, como professor. Por isso,· não admira que os grandes temas da filosofia destes dois filósofos sejam idênticos.

 Tal como Platão, Aristóteles parte do dualismo gnosiológico: é evidente que temos dois tipos de conhecimento, o sensível e o inteligível. Mas a explicação platónica implicava o mundo das Ideias. Aristótetes assumiu uma posição mais objetiva, trouxe Platão do céu à terra, criando as teorias da abstração e da generalização para explicar esse dualismo.

 
Abstração - É o processo de afastamento gradual da realidade concreta, captada pelos sentidos. Deste modo, ficamos apenas com os elementos gerais ou essenciais das coisas e perdemos os pormenores da sensibilidade. O intelecto forma assim os conceitos que são sempre abstratos e se tornam os primeiros elementos de toda a atividade do pensamento. Por este processo, Aristóteles resolve os problemas das diferenças entre os dois tipos de conhecimento e considera inútil a teoria platónica das Ideias.

 Generalização - Uma vez construído o conceito, por abstração, o intelecto pode usá-lo em novas situações, num processo de universalização, extremamente enrique­cedor. A generalização permite-nos organizar os conceitos, formando juízos (frases) e amplificar o campo da sua aplicação de tal modo que o conhecimento se vai alargando, a partir do que já foi anteriormente conhecido, sem ser preciso admitir a teoria da reminiscência de Platão. Destruída a teoria das Ideias e a da reminiscência, deixa de ter fundamento o dualismo cosmo lógico e o dualismo antropológico.

 A lógica de Aristóteles foi uma reflexão tão aprofundada sobre o modo de fun­cionamento do pensamento humano que se manteve quase inalterável até aos nossos dias. Analisa pormenorizadamente os conceitos, os termos (palavras), os juízos, os raciocínios, detendo-se nO silogismo que ele considera o raciocínio perfeito.

 A física de Aristóteles reuniu os conhecimentos dos filósofos pré-socráticos; encontrando uma resposta sincrética para o problema do arqué, nos quatro elementos: água, ar, terra, fogo. Defendeu o geocentrismo por ser evidente. A ciência estuda as essências, é universal e necessária, mas não se fundamenta no mundo das Ideias como em Platão. Ela constrói-se por indução, (vai do particular para o geral) e por dedução, (vai do geral para o particular).

 O homem é um animal racional, constituindo uma unidade que abrange as caracte­rísticas anímicas das plantas, dos animais a que se acrescenta a exclusividade da razão.

 Platão era um filósofo idealista; Aristóteles é um filósofo realista que parte da reali­dade sensível, para subir ao conhecimento mais geral, ou seja, ao conhecimento intelectual. Nunca é demais realçar o seguinte: Platão e Aristóteles, dois dos maiores filósofos de sempre, apesar de terem teorias opostas para explicar a realidade, man­tiveram boas relações de convivência, durante 20 anos, na Academia.

 


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